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segunda-feira, 31 de maio de 2010

[UFC 114] - Desafiante dos meio-pesados definido

"Lutem!"

Com essa ordem, Herb Dean soltou no octógono do UFC, no MGM Grand Garden Arena, em Las Vegas, Quinton "Rampage" Jackson e "Sugar" Rashad Evans. Considerada uma das maiores rivalidades da história do MMA, essa luta era aguardada desde março de 2009, quando Rampage derrotou o companheiro de treinos de Rashad, Keith Jardine, no UFC 96.

Desde então, o primeiro teve muitas diferenças com a organização do evento, por participar de um filme hollywoodiano, enquanto o segundo enfrentou Lyoto Machida (para quem perdeu o cinturão no UFC 98) e Thiago Silva (a quem venceu, no UFC 108).

Muito foi dito, de ambas as partes. O ódio tranparecia nos olhos dos dois lutadores em todas as entrevistas e os dois prometiam nocaute e agressividade. A décima temporada do reallity show The Ultimate Fighter, em que os lutadores eram os técnicos, foi marcada por diversas discussões e provocações.

Durante o mesmo programa, Rashad chegou a dizer para Rampage: "Sua cabeça é muito grande, muito fácil de acertar". Quinton, por sua vez, encheu o carro do adversário com galinhas, aumentando a tensão já existente entre eles.

Logo que se iniciou o combate, parecia que essa raiva tomaria conta dos lutadores. Rashad Evans partiu com tudo pra cima do rival e acertou um cruzado de direita que quase o derrubou. Parecia que a luta duraria pouco tempo, que a animosidade faria dessa luta, um duelo intenso.

Pois só parecia. Passado o ímpeto dos primeiros segundos, o que se viu foi um combate amarrado. Rashad Evans usou passou os dois primeiros rounds prensando seu adversário contra a grade e aplicando algumas quedas. Nada além disso. Quando os lutadores estavam no chão, nada produziam e, por diversas vezes, foram obrigados a se levantar pelo árbitro.

No terceiro round, Quinton Jackson conseguiu conectar seu único golpe preciso e quase encontrou a vitória, mas após derrubar seu oponente com um upper, não conseguiu mais acertar nenhum soco com precisão e Rashad conseguiu voltar a ficar de pé.

O final do round aconteceu como o resto da luta. Evans derrubou Rampage e deixou o tempo passar, ficando por cima de seu adversário. Mesmo que sem fazer nada de efetivo, ia garantindo alguns pontos com os juízes.

Fim de luta. Rashad Evans vence Quinton Jackson por decisão unânime e é o primeiro desafiante de Maurício "Shogun" pelo cinturão dos meio-pesados.

Michael Bisping vence a luta mais empolgante da noite

Michael Bisping voltou ao octógono, após a derrota para Wanderlei Silva no UFC  110, enfrentando Dan Miller.

A luta prometia ser um duelo de estilos. Bisping é um bom striker, enquanto Miller tem um Jiu-Jitsu afiado, mas o que se viu foi uma  luta disputada, sendo quase toda desenvolvida em pé. Só nos últimos minutos do terceiro roundo, Dan Miller tentou levar o combate para o solo.

Bisping provou ser muito superior a seu oponente, lutando em pé, e venceu a luta em mais uma decisão unânime dos juízes.

Azarões fazem a festa

No primeiro combate do card principal da noite, Diego Sanchez retornou à categoria dos meio-médios, onde reina o canadense Georges Saint-Pierre. Sua última luta havia sido a disputa pelo cinturão dos leves contra o havaiano BJ Penn. Mesmo vindo de derrota, era franco-favorito contra o britânico John Hathaway.

Ao contrário do esperado, Hathaway controlou os três rounds da luta, chegando a quase nocautear o oponente com uma joelhada no rosto logo no início do combate. Diego Sanchez suportou até o fim, mas teve uma decisão unânime dos juízes a favor de seu oponente.

Logo depois foi a vez do brasileiro Antônio Rogério "Minotouro" Nogueira enfrentar o americano Jason Brilz. Enquanto Minotouro era considerado um provável candidato a tomar o cinturão de Maurício Shogun, Brilz era um ilustre desconhecido. Todos apostavam em vitória fácil do brasileiro.

Brilz não era nada além de um "tapa-buraco", já que o oponente de Minotouro seria o ex-campeão Forrest Griffin, que não pôde lutar por lesão. Mesmo assim, o brasileiro não teve qualquer facilidade. Venceu a luta por decisão dividida e foi vaiado pela torcida presente.

No embate mais peculiar da noite, Todd Duffee enfrentou Mike Russow. Logo que os dois lutadores entraram no octágono, pode-se perceber uma gritante diferença. Enquanto o primeiro tem um corpo atlético e musculos bastante torneados, o segundo mostrou muita gordura, balançando em cada movimento feito.

Todd Duffee acertou bons golpes no primeiro round e poderia, facilmente, nocautear seu oponente no segundo. Mas o lutador optou por "cozinhar" a luta e, faltando 25 segundos para o fim, foi surpreendido. Mike Russow precisou encaixar apenas um golpe para dar fim ao combate, deixando seu oponente desacordado.

Certamente, alguns apostadores que gostam de arriscar deixaram o MGM Grand com os bolsos cheios e sorrisos no rosto.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O maior entre tantos

5:45 da manhã de uma segunda-feria qualquer. O despertador em sua cabeceira soa, junto ao canto matinal dos galináceos, avisando o início da jornada. O corpo pesa. É o dia mais difícil da semana. Após altas doses alcoólicas nos últimos dias, sua cabeça parece uma dinamite, prester a explodir.

Como se estivesse carregando o mundo sobre os joelhos, ele caminha em direção ao banheiro. Planeja lavar o sono, o peso, a dor, ralo abaixo. Deixa a água escorrer por seu corpo, enquanto pensa no quanto precisa voltar àquele mundo fabuloso que vivera a pouco. Lembra das companhias amorosas que a muito não sente. Do companheiro caído que aguarda o momento de retornar à vida. Das histórias. Quantas histórias.

Batidas à porta o tiram, pela segunda vez, de sua 'Terra do Nunca'. "Anda! Tamo atrasado!"

As horas passam calmamente, como se aquele único dia tivesse a pretenção de se tornar um mês inteiro. O sono perturba, a cabeça, pesada como uma âncora, leva seu ser ao fundo de um abismo sentimental, de encontro à solidão. "Café. Preciso de mais café!"

No auge do seu desespero, vem o conforto. Um recado que aguardava a tempos o tira de sua agonia. "Ele voltou!"

Aquele velho companheiro, o melhor entre muitos, iria voltar. O tempo de repouso acabara e ele agora poderia se juntar aos seus. Não haveria tormento forte o suficiente para causar a derrocada de ser tão grande.

Junto dos outros, ele planeja uma recepção adequada. Que nada mais o tire de perto do seu lugar, do seu posto. Que nada mais o afaste daqueles que almejam sua felicidade.

Mais nenhuma dor incomoda. Ele está de volta.

terça-feira, 11 de maio de 2010

[COPA DO MUNDO 2010] - Todos os homens do comandante

Teimoso, retranqueiro, prepotente e até mesmo burro. Adjetivos duros, mas constantemente associados à imagem que o técnico Dunga tem com a torcida e a imprensa esportiva do Brasil (no caso da segunda, burro não foi usado, e provavelmente não será).

Hoje, as 13 horas, Dunga divulgou os 23 atletas que irão disputar a Copa do Mundo, deixando de fora jogadores técnicos, adeptos do futebol-arte como Ronaldinho Gaúcho, Paulo Henrique Ganso e Neymar. Em contrapartida, para desgosto de muita gente, chamou alguns que não têm o repertório de dribles e jogadas de efeito dos anteriores, mas possuem conhecimento tático. Tendo em vista suas últimas declarações e todas as convocações, nada muito surpreendente.

No comando da seleção mais vezes campeã mundial desde a eliminação da Copa do Mundo da Alemanha, Carlos Caetano Bledorni Verri tem números consistentes com a equipe. Com 37 vitórias em 53 jogos, Dunga comandou o Brasil nos títulos da Copa América em 2007 e da Copa das Confederações em 2009, além de terminar as Eliminatórias da Copa do Mundo na primeira posição.

Mesmo tendo conseguido o primeiro lugar em todas as competições disputadas com a seleção principal, o técnico ainda não convenceu. Alguns consideram que seja pelo fracasso nos Jogos Olímpicos de Pequim (onde foi eliminado nas semi-finais contra a Argentina e ficou com o bronze), outros pelo fato de sua equipe não apresentar um futebol ofensivo e técnico e, ao contrário da tradição brasileira, ter em sua defesa a maior força.

Não é normal a seleção brasileira ter no jogo aéreo e nos contra-ataques suas principais armas ofensivas. Não me lembro de uma seleção brasileira que tenha dependido tanto (e tido tamanha confiança) em seu sistema defensivo.

A equipe de Dunga é eficiente. Isso é inquestionável. Muitas vezes, é também burocrática. Mas tudo o que se construiu ou que foi criticado será ignorado com o resultado da próxima Copa do Mundo, na África do Sul. Caso o Brasil seja campeão, Dunga será o gênio que barrou Ronaldinho Gaúcho e montou um grupo sério, uma família (assim como Felipão em 2002). Caso perca, mesmo que na final, será o teimoso, retranqueiro, que barrou os craques e chamou os "botineiros".

Independente do que acontecer, o Brasil já tem o personagem principal da Copa do Mundo de 2010. Resta saber se será um herói ou um vilão.


Os homens de Dunga:
Goleiros:
Júlio César (Internazionale de Milão - ITA)
Gomes (Tottenham - ING)
Doni (Roma - ITA)

Laterais:
Maicon (Internazionale de Milão - ITA)
Daniel Alves (Barcelona - ESP)
Gilberto (Cruzeiro)
Michel Bastos (Lyon - FRA)

Zagueiros:
Lúcio (Internazionale de Milão - ITA)
Juan (Roma - ITA)
Luisão (Benfica - POR)
Thiago Silva (Milan - ITA)

Meias:
Felipe Melo (Juventus - ITA)
Gilberto Silva (Pnathinaikos - GRE)
Ramires (Benfica - POR)
Elano (Galatasaray - TUR)
Kaká (Real Madrid - ESP)
Josué (Wolfsburg - ALE)
Júlio Baptista (Roma - ITA)
Kléberson (Flamengo)

Atacantes:
Robinho (Santos)
Luís Fabiano (Sevilla - ESP)
Nilmar (Villarreal - ESP)
Grafite (Wolfsburg - ALE)